Poranduba

Rodas de histórias  indígenas com Rute Casoy. Quartas de 19h às 21h

Poranduba: Reflexão e sensibilização para a questão indígena através da mitologia e seus desdobramentos

6/09 a 25/10
Quartas, de 19h às 21h
Com Rute Casoy

Custo*: R$150,00/mês (total: R$300,00)
(inclui um kit Poranduba, Roda de histórias indígenas, composto por 4 cds, e um livreto ilustrado contemplando 21 mitos de diferentes etnias do nosso patrimônio cultural.)

(*) veja abaixo as instruções para inscrição, assim como informações importantes sobre o custo e o sistema de co-financiamento solidário dos cursos oferecidos pelo Centro de Formação em Arte Educação do Tear.

poranduba

Por que histórias indígenas?

Estas histórias são um manancial de imagens, por vezes ainda inusitadas, que revelam temas fundamentais da condição humana, demonstrando assim a vasta capacidade do homem em dar sentido à vida e criar diferentes modos de vida.

É preciso romper com um olhar ora marcado pelo romantismo e idealização, ora pela desvalorização, e buscar o diálogo e o encontro com os povos indígenas, concebendo-os como sujeitos históricos e sociais, companheiros de existência, com quem temos muito o que trocar e aprender.

A Roda de Histórias Indígenas entende a necessidade de construir pontes entre as diferentes vertentes que formam nosso tecido cultural e assim superar dicotomias ainda tão presentes no nosso pensar: singular e coletivo, natureza e cultura, conhecimento e sensibilidade, arte e vida. Por isso recorremos às histórias, aos mitos, a uma linguagem, enfim, que contemple o sensível e o lúdico, o criativo e o imaginário para entrar em contato com um legado indígena que não podemos mais deixar silenciado se queremos realmente construir uma educação mais humana e solidária.

Inspirada no aprendizado junto às narrativas indígenas, a Roda convida a uma mobilização em vivências criativas para desenvolver o imaginário, o auto-conhecimento e a solidariedade – uma experiência viva do contexto indígena, tão próximo mas tão pouco vivenciado. Através de uma integração da cultura com a educação, buscam-se novas formas de resistir à massificação e à colonização cultural, possibilitada não só por subsídios teóricos mas igualmente pelo encantamento. As narrativas aqui apresentadas trazem tanto no seu conteúdo quanto na sua forma questões fundamentais e atuais para a humanidade.

Essas questões estão condensadas nos sete pontos abaixo:

Alteridade: estabelecendo a ponte que liga o índio à cultura não-indígena e o não-indígena à cultura do índio. Somos levados a nos ver como iguais aos que estavam aqui desde sempre. A eles ocorreu o mesmo que ocorreu com todos nós. Há séculos, buscamos ideais e valores de outras culturas e ignoramos a milenar sabedoria indígena que, desde o começo, foi vista como desprezível, menor, equivocada. Para que possamos despertar como povo brasileiro, precisamos estabelecer contato com a cultura indígena.

Diversidade: entendendo que as culturas indígenas são muitas e específicas. De acordo com censo publicado de 1994, são 206 os povos indígenas do Brasil contemporâneo, formando 180 grupos étnicos. Essas etnias falam cerca de 300 línguas, divididas em cinco famílias linguísticas, além de 35 outras línguas, que não se encaixam nessa classificação. Cada língua é mais do que uma forma de comunicação: é uma forma de ver o mundo. Pretendemos, ao compilar e narrar histórias de diferentes etnias, mostrar a riqueza e a diversidade dos valores contidos na tradição indígena.

Diálogo cultural: a troca e o respeito às diferenças culturais como fundamental à sobrevivência dos povos. Nas oficinas, observamos com freqüência participantes que possuem uma ascendência mais direta com os povos indígenas e que vão aos poucos passando de um sentimento de negação e vergonha para uma percepção de valor e ressignificação da sua identidade. Os educadores começam a refletir sobre a realidade em sala de aula, que sempre traz uma diversidade muitas vezes negada. Nossas crianças trazem histórias diferentes que precisam ser acolhidas. É nessa mistura de cores, tons e sotaques que reside a riqueza e é na troca de experiências que se constrói uma educação humana, ética, solidária. É impossível falar em ética sem falar em diálogo, em contato com a diferença, no aprendizado com o outro. A verdadeira identidade é aquela que consegue escapar da dualidade e chegar a um terceiro elemento. Precisamos convidar os povos indígenas para que, juntos, mesclando nossos fios e cores, teçamos a verdadeira alma brasileira.

Relação homem-natureza: entendendo a natureza como parte intrínseca do homem. Os povos da floresta sabem que a floresta é mais do que o lugar onde vivem – é o espaço sagrado onde reafirmam, através de rituais, sua ligação com o Todo de que se sabem e sentem partes inseparáveis. Da floresta retiram muito mais do que o alimento para o corpo – retiram também o nutriente para a alma, na forma dessa simbiose mágica que dá sentido às suas vidas. As crianças que vivem nas cidades têm poucas experiências de primeira mão com a natureza. Estão longe dos bichos, não pisam no chão batido, não conhecem cheiro de mato, não contam estrelas, não sobem em árvores ou montanhas, não escutam o silêncio. Por outro lado, as crianças que vivem em áreas rurais e convivem intimamente com a natureza, inclusive por vezes as próprias crianças indígenas, precisam ter essa sabedoria reafirmada e revalorizada.

Relação com o sobrenatural: mergulhando no lado escuro da alma. As sociedades indígenas não costumam separar sagrado e profano, sobrenatural e natural. No imaginário indígena, gente é bicho, bicho é gente, tudo é ou pode ser, numa circularidade inimaginável às mentes mais racionais e cartesianas. É importante estimular a criança a conviver com a diversidade de idéias, sensações e visões de mundo para que tenha mais habilidade para enfrentar conflitos e resolver problemas. A naturalidade do imaginário indígena quando trata de temas como biologia, amor, corpo, fantasia, imaginação, emoção e morte, tão bem manifesta nas suas narrativas, poderia ser um exemplo às escolas, incentivando a criança a lidar com seus desejos, medos, idéias e criatividade de maneira lúdica e engraçada.

Resgate e preservação do patrimônio cultural imaterial: cultivando e cultuando a cultura e a criatividade. As manifestações artísticas indígenas precisam ser resgatadas e preservadas como parte integrante da cultura brasileira porque fazem parte da nossa matriz ancestral, exemplificam formas de vida em comunidade que precisam ser recuperadas, detêm um saber maestral da natureza e nos mostram que, apesar da diversidade, têm um profundo sentido de fraternidade e coletividade. Mas, sobretudo, precisamos resgatá-las porque fazem parte da nossa alma brasileira.

O mito como linguagem: escavando a nossa história. Mitos são histórias da busca da verdade, de sentido e de significação através do tempo. Precisamos contar a nossa história para podermos compreendê-la. Para isso, precisamos sintetizar as histórias do outro, mitos das diversas culturas que compõem o ser brasileiro, dentre elas, a indígena. A narrativa pode ser vista como um modo fundamental de constituição de subjetividade e historicidade humanas, na medida em que contribui para a compreensão de si e do outro. É como se narrar fosse uma forma de pensar sobre si e sobre o mundo.
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(*) Inscrição:

Custo: R$150,00/mês (total: R$300,00)

Para realização do Poranduba  propomos um co-financiamento  solidário: ao mesmo tempo em que ajuda a tornar possível esta atividade, você ajuda a sustentar as ações sociais que o Tear realiza em favor de crianças, adolescentes e jovens de classes populares.

Se você concorda com esta perspectiva colaborativa e solidária de financiarmos as ações do Tear, faça sua inscrição escolhendo a opção que for melhor para você:

(1) inscrição via depósito/transferência bancária:
Instituto de Arte Tear
CNPJ: 05.435.475/0001-24
Banco Itaú
Ag: 5631
Cc: 28867-6

envie seu comprovante para contato@institutotear.org.br e você receberá um link com o formulário de inscrição.

IMPORTANTE: certifique-se de nos enviar o comprovante diretamente pelo seu e-mail não pelo site do banco. Confirmaremos sua inscrição mediante o envio desse e-mail.

(2)  inscrição presencial na secretaria do Tear:
Rua Pereira Nunes, 138, Tijuca.
Tel: 3238-3690 e 2238-4927
Atendimento secretaria do TEAR, segunda à sexta, de 09 às 18 horas.

(*) Todas as formas de inscrição receberão recibo legal de doação.

Atenção
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. É possível se inscrever pessoalmente no dia de início, caso ainda haja vagas. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

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