Um jeito de morar e brincar na favela Jorge Turco

Entrevista com Paulo (9 anos) e Victor (6 anos)

Por Eunice Muruet Luna

Paulo chegou com o seu pai na favela Jorge Turco quando tinha 3 ou 4 anos de idade. Victor chegou com a sua mãe há alguns meses. Paulo é baiano, o Victor é chileno e cresceu falando espanhol e português no Rio de Janeiro. O mais legal de morar lá, para eles, é brincar na rua: jogar bola ou skate.

É uma convivência junta, né? Um jeito de morar e brincar na favela Jorge Turco

“Não só eu que ando de skate” Diz o Paulo
“Tenho meu colega lá de cima, vamos lá no parque de Madureira…. é maneiro”.

Já o Victor prefere a patinete, eles sabem onde que eles podem brincar e andar
“A gente só pode ir até a padaria e até lá em cima”

“Só que, quando o morro está em guerra a gente não pode sair para brincar”
Agrega Paulo “Porque a rua fica perigosa”.

Foto de Vítor tirada pelo Paulo

Foto de Vítor tirada pelo Paulo

Paulo e Vitor vão vivendo o dia a dia de morar, crescer e brincar junto na favela Jorge Turco, comunidade da Zona Norte do Rio, que fica entre 3 bairros: Coelho Neto, Colégio e Rocha Miranda.

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Foto de Paulo tirada pelo Vitor

“É uma convivência junta, né?”.  Comenta o Paulo

 “Eu gosto de olhar a ele (para o Victor) como irmão”.
Muitos perguntam: ah ele é seu irmão ? “Aí eu falo, ele é meu irmão de consideração”.

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Paulo tem vários amigos que brincam com ele na rua ou na sua casa: Guilherme Davi, Rena, Felipe…Victor ainda está conhecendo a galera. As vezes pedem para ele falar em espanhol e ele fica com vergonha.

“Aí eles falam “caraca! Fala isso aqui de novo”
Conta Paulo e chamam a outra pessoa para escutar também.

Além de fazer capoeira e depois ou antes de ir para a escola, a dupla gosta de fotografar e fazer vídeos gravando com o celular. Tem gostado de gravar musicas tocadas por amigos e truques do skate.

 O Paulo gosta de cantar, e faz parte, junto com o seu pai, do coletivo Bonde da Cultura. E não é só isso, gosta de cantar funk, o que ele considera, gosta a muitas pessoas porque é a cultura da favela, das favelas.

“Eu comecei a cantar rap com cinco anos – conta o Paulo – ai depois que eu conheci a um cara de aqui do morro que se chama Toti, eu conheci a música… Dele dar um rolé pra vida e liberdade”.

Paulo decorou a música e perguntou ao compositor se poderia cantá-la.
Agora ele, melhor conhecido como MC Papa, tem uma música nova: Reflexao que fala sobre a questão do crack. Na favela, muitas crianças pedem para ele cantar, falando: “ah! canta aquela musica que fala sobre o morro, canta essa!”.
Já os amigos da escola falam para ele: “manda um rap ae!”

E olha só o Mc  Papa !

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