Nos fundos da casa que habita o Tear, é guardado um espaço de cultivo de si e da terra, onde o encantamento da brincadeira faz brotar universos.
Lagarta da Aroeira
06/11/2015
“Uma lagarta se escora sobre uma folha verdinha
Depois que come todinha, deixa o talo e vai embora
Quando sente que é a hora de fazer meditação
Se vira em adivinhão e dependurada demora
Se transforma e vai embora, encantada e feminina
Borboleta bailarina, ninfa da brisa e da flora…” (Siba e a Fuloresta)
A lagarta e sua fome, deixa só o talo pra contar história.
Como ela sabe que alguma hora, tem que descer e parar de comer?
Será que ela sabe que vai voar, será?
Quem a veste quando embaixo da terra ela espera?
Quem empresta aquele casulo lindo, colorido, pintado a mão pelo mais talentoso artista da natureza?Quem a veste, depois que ganha os céus em voos de cores perfumadas?
Fico imaginando, se não um existe um desfile mundial de lagartas. Desconfio que elas se encontram em algum lugar, para exibirem seus trajes coloridos e exóticos e depois desfilam de novo já com suas asas imponentes.
Os jardins são passarelas de mariposas e borboletas, as lagartas fazem toda a preparação da festa.
Apesar de toda a beleza, são animais incompreendidos, e sofrem com o apelido que recebem: praga.
Tem esse apelido porque seu apetite é invejável, e não sobra uma folha sequer quando elas resolvem aparecer.
O desenvolvimento de uma lagarta em mariposa é um gasto de energia tão intenso, que a vida alada se torna seu estágio majestoso.
É nesse bater de asas que acontece o encontro para a reprodução. Terminando e reiniciando ciclos, esse pequeno animal faz da sua vida uma dinâmica de formas, cores e mistério.
Lá vai a lagarta
Voraz e calma
Experimenta os saberes da terra
Mas será que a lagarta
Sabe que vai voar?
E a borboleta
Já pensou em se enterrar?
Na foto um estágio larval da espécie Citheronia laocon se alimentando de uma folha de Aroeira. Depois ela muda de roupa e ganha essas lindas asas amarelas e vermelhas, e fica bem peludinha.
O Jardineiro Beldroega