Griot é um termo novo para uma prática milenar que envolve o cuidado e o cultivo das culturas. Inno Sorsy nos conduz ao universo encantador dos contadores de histórias que detêm a arte da palavra.
Editorial Tearteiro
Contar histórias envolve afetos, porque as palavras quando ditas carregam timbres de culturas inteiras. Dizem que a maneira de falar, seja pelas gírias, pelo encurtar ou alargar palavras, pelo sotaque carregado, ou entre figuras de expressão, modelam o jeito das pessoas. Podemos dizer que esses sujeitos quando carregam no sotaque para contar as histórias de suas origens , nutrem dentro de si e semeiam através da fala, um pedacinho da terra que os criaram, terra que passa então a habita-los. Assim a memória vive, resiste e se reinventa.

Por esse e tantos outros motivos, a figura dos contadores de histórias nas culturas tradicionais são tão estimadas. São eles os mensageiros do que há de mais sagrado nas culturas, desse tesouro que se desvela nas formas e significar e apreender o sentido que emana das coisas do mundo. A Arte da Palavra se adquire pelo olhar atento, pelas sensações que desperta o tempo ao correr sobre as coisas, pela vontade de compartilhar as belezas invisíveis .
A contação de história é uma mediação cultural, uma maneira de interagir com o passado pela arte da palavra e promover a cultura viva na comunicação desse repertório pessoal. A africana Inno Sorsy é guardiã da palavra, nascida na fronteira de Gana e Togo, difunde e ajuda a manter a cultura de uma comunidade. Para Inno a arte de contar histórias é uma arte visual e auditiva:
“para tecer a narrativa o contador deve aprender a observar e escutar a história que conta”
O contador de história pode ser também músico, genealogista, poeta, mediador da transmissão oral, e tem uma função, um lugar social e cultural na comunidade, que é de transmitir saberes e fazeres. Em português é conhecido pelo termo Griô, mas no continente Africano existem termos específicos de cada etnia como: Dioma, Dieli, Funa, Rafuma, Baba, Mabad entre outros.
Assista uma história de Inno
Além de vir de uma família de contadores de histórias tradicionais, Inno é professora, performer, consultora na arte de contar histórias, especialista em técnica vocal e por ser griô é um biblioteca viva. Em Londres, onde vive há anos foi consultora para a implementação da matéria da arte de contar histórias no Currículo Nacional da Educação.