O protagonismo feminino pelos direitos das mulheres
Por Ana Emília
Cheguei na reunião do “Mulheres Mobilizadas” por curiosidade e interesse em saber sobre uma mobilização prevista para a semana da mulher, na primeira semana de março de 2016. O circuito de ações que leva esse nome vinha sendo pensado e arquitetado majoritariamente por mulheres cariocas de diversas regiões da cidade. Fiquei surpresa com a forma de organização e dinâmica das meninas do Meu Rio a ONG que viabilizou o evento e acredito que essa possa ser uma mobilização inspiradora para outras mulheres engajadas em ações similares em vários cantos do Brasil.
Confira a conversa que tive com a Fernanda Garcia, uma das organizadoras do circuito:
Me parece que o trabalho de algumas articuladoras acontece há algum tempo e que existe uma dinâmica própria que facilita e torna democrática a interação entre as envolvidas. Gostaria que comentasse sobre a trajetória do Mulheres Mobilizadas e sobre essa forma de trabalho colaborativo e em rede.
Há algum tempo a gente (do Meu Rio) já foca no trabalho de formação de comunidade e a partir da mobilização sobre a CPI do aborto, criamos um grupo de ação de mulheres que queriam mobilizar sobre os direitos das mulheres pela cidade, através disso chamamos algumas delas para tocarmos o circuito e cada uma hoje em dia está organizando ações no seu próprio território.
Como está acontecendo o Circuito de Mulheres Mobilizadas, o que esperam do evento na semana das mulheres, e quais são os direcionamentos para que a rede continue a se articular?
O Circuito foi dividido em 3 fases: a primeira fase foi dividida em seis encontros territoriais, rolou um encontro em cada território como: zona norte, zona oeste, zona sul, centro, baixada e Niterói. As mulheres debateram sobre os problemas vividos em seus territórios e propuseram intervenções para soluções para os problemas que elas mapearam. A segunda fase foi a imersão de produção, na Fundição Progresso, onde elas se organizaram e começaram a pré produzir as ações. A fase final do circuito é um grande evento organizado por todos esses núcleos na semana do dia oito de março, dia da mulher.
Muitas mulheres que participam do circuito vieram de contextos culturais bem diferentes, de 15 aos 60 anos, da baixada à Ipanema, compartilharam histórias bem parecidas e relatos de vivências diferentes, mas inspiradores. Existe um trabalho sendo pensado a longo prazo que favoreça essa partilha de experiência?
Continuaremos mantendo o grupo de ação, e a ideia é que o grupo de mulheres continue desenvolvendo mais ações durante o ano, de acordo com as propostas que surgirem.
A meu ver a luta contra o machismo instala temáticas delicadas como o estupro, violência física e psicológica e a submissão do corpo feminino. Além das intervenções urbanas e conscientização via redes de comunicação, o Mulheres Mobilizadas e as parceiras envolvidas na rede contribuem para auxiliar mulheres em situação de risco?
O Mulheres Mobilizadas em si não, mas a Rede Meu Rio está também tocando um projeto que se chama: “defezap” que será uma ferramenta contra o abuso de autoridades, e também será retratado violência policial contra mulheres.
O que priorizam nessa articulação e quais as dicas que podem dar para outras mulheres que pretendem se organizar em outras localidades além do Rio de Janeiro?
A proposta do Circuito é incluir novas mulheres na causa dos direitos das mulheres, e atingir outros territórios onde o assunto ainda não é tão abordado.
Depois de escutarem e agregarem tantas mulheres nas reuniões abertas, quais as pautas que consideram mais urgentes para a discussão acerca do feminismo? Para onde devemos manter um olhar mais atento e quem, na rede de Mulheres Mobilizadas e fora dela, anda contribuindo para a reflexão sobre essas pautas?
Eu particularmente priorizo a expansão do debate sobre os direitos das mulheres, por ser moradora da periferia carioca, sinto ausência desse discurso onde eu vivo, e foi por isso que senti o desejo de criar esse Circuito, onde todos os territórios do Rio de Janeiro serão atingidos.
Quer saber mais sobre as ações? Acesse o link e veja o mapa criado pelas “Mulheres Mobilizadas”.
Para quem tem interesse a Fernanda fala um pouco mais sobre o circuito no vídeo a baixo: