conheça a história da ‘Cora Coralina Biblioteca Comunitária’
Por Sallisa Vasco
Imagina uma Biblioteca sem paredes e cercada por um quintal aconchegante de mata atlântica? Assim é a Cora Coralina, uma Biblioteca Comunitária que fica no bairro do Condado, na periferia de Paraty -RJ. Falar de Cora Coralina pra quem é de Goiás é uma honra, e a Cláudia conta que “a Cora Coralina apareceu porque as pessoas com quem comecei a trabalhar eram na maioria mulheres, analfabetas, ou pouco alfabetizadas, simples e de coração grande, então a identificação com a Cora foi forte e me pareceu um ótimo exemplo já que começou tarde sua carreira de escritora”.
Cláudia, como começou a ideia de fazer uma biblioteca comunitária?
Eu moro no bairro desde 2008, e em 2011 um professor do município pediu para usar o espaço coberto que tenho no quintal para dar aulas de alfabetização para adultos, e usou o espaço até início de 2012, quando teve que sair para outro trabalho. Foi aí que eu comecei a dar as aulas e pensei em usar literatura de cordel para ajudar. Falei com uma pedagoga amiga, que estava trabalhando para a Casa Azul na época, e ela me falou que tinha muitos livros para doar por causa da Festa Literária Internacional de Paraty, a FLIP, e foi ela quem me falou: porquê você não abre uma biblioteca comunitária? Achei bacana a ideia, mas não tinha nenhuma noção de como fazer. Passei a abrir o espaço com os livros três tardes por semana (como faço até hoje) e a garotada começou a aparecer. Aí inauguramos a biblioteca em setembro de 2012 e a dinâmica foi acontecendo.
E quem frequenta a biblioteca?
Quem mais frequenta a biblioteca são crianças de 10 a 13 anos, mas as crianças de 5 anos também vão e os adolescentes de 16 à 19 anos. O engraçado foi que o espaço que construí não foi pensado para ser biblioteca. Na época da construção trabalhava com turismo, a ideia era construir um espaço que pudesse vir a ser usado como um espaço de vivências possíveis para o turismo, hoje é tudo biblioteca.
Percebo no nosso bairro uma carência que as crianças têm por um espaço onde possam se encontrar e terem autonomia para escolher suas atividades e aqui na biblioteca as crianças têm uma variedade de atividades lúdicas, como brinquedos, jogos e internet e os livros ficam à disposição. Quero promover para as crianças e jovens da comunidade do Condado o pertencimento ao lugar onde moram.
Cláudia, e de onde vem o seu apoio? Teve ou tem algum apoio?
Estou sempre publicando as atividades da biblioteca pela rede social facebook, e começaram também a aparecer pessoas interessadas em doar tempo, compartilhar conhecimento… Tudo muito espontâneo. E vieram também doações de brinquedos, jogos, material para artesanato, bijuteria, bordado, material para desenho, papel, lápis, canetinha e doações de livros.
Participei também de uma rede de bibliotecas comunitárias que se encontrava uma vez por mês, mas as reuniões acabaram e, na verdade, nunca me senti representada no grupo, pois a maioria dessas bibliotecas eram grandes eu não tinha a mesma estrutura.
Pelo Facebook descobri também que poderia participar de editais como pessoa física e resolvi arriscar. Ganhei um edital da Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro como Ponto de Leitura que funcionou de outubro/2013 até agosto/2014 e esse foi meu primeiro apoio financeiro, no valor de R$20.000,00. Agora estou desenvolvendo outro edital do Ministério da Cultura, no mesmo valor, que foi uma bolsa de fomento à literatura para a realização de dois saraus que termina agora em setembro.
Tenho o apoio do meu irmão, que por gostar do meu trabalho, passou a doar R$1.000,00/mês desde agosto passado e minha irmã que paga meu plano de saúde. Minha intenção é buscar a sustentabilidade, gostaria de me informar mais sobre turismo comunitário, desenvolver um projeto nesse sentido.
Saiba mais:
Facebook da Biblioteca Cora Coralina
ou no vídeo sobre a biblioteca