A infantilização e o protagonismo de impasses
O filme se passa em 94 mas a história é bem atual. Anita, é protagonista dessa narrativa e porta síndrome de Down. Ela mora com sua mãe, que pela força do hábito e dos estereótipos sociais, sente a necessidade em superproteger sua filha. Em algumas cenas do filme esse zelo reflete traços de infantilização. Dora se esqueceu de que não possuía a dádiva da imortalidade e não criou uma Anita com o mínimo de autonomia, capaz de saber de si e dos outros.
Entretanto, ela não poderia saber que um dia sairia de casa e seria vítima de do atentado a bomba a AMIA, tragico acidente que matou 85 pessoas e deixou 300 feridas. Os efeitos do atentado chegaram até Anita. Sua casa ficou parcialmente destruída, assim como seus móveis. Desorientada, Anita busca por sua mãe pelas ruas, ela não sabe o número de sua casa, telefone e nem de algum parente. Fragilidades cultivadas na criação protetora de sua mãe. Nessa saga Anita conhece amigos, lida com impasses, experiência e situações adoráveis e desumanas. Vive a urgência da cidade e o desinteresse das pessoas em ajudar umas as outras. De uma forma geral o filme nos leva a pensar sobre o capacitismo, e como uma portadora de síndrome de down lida com as nuances desse preconceito.
A protagonista é inteligente e sensível e poderia levar uma vida mais autônoma se não fosse tão subestimada. Para Anitta o fim da narrativa apresenta um final feliz e para nós fica a reflexão sobre vivências limitadas, não por diferenças corporais ou psicológicas ao que foge do padrão( por sinal inexistente), mas as limitações que cultivamos ao tratar essas diferenças como algo segregador ou hierarquizante.
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