Entrevista com Cecília Conde sobre música na educação.

cecília conde

Por Adriana Costa

A minha luta é pelo espaço da música nas escolas públicas.

 “Nós fizemos um encontro e, eu, em 68, indo para a Assembleia Legislativa pedindo a volta da música nas escolas. É uma batalha, porque eu acho que privando o ser humano da Arte você não está desenvolvendo uma forma de pensamento e de habilidade que só a Arte pode dar. Porque a música trabalha com o tempo e espaço e arte trabalha com formas, a dança com corpo, volume, altura, com espacialidade.

Então, você prescindir o indivíduo de uma formação é como você prescindir de um pensamento matemático, de língua, de geografia, história, da ciência. Acho que a gente tem que formar por uma formação geral, humana, de tudo que o ser humano produz. Principalmente a arte, que é o que dá a diferença… A cultura… E a arte está dentro dela.

A diferença… A marca do indivíduo!

É a diferença do animal. Quer dizer, essa capacidade do ser humano de simbolizar, de criar, de expressar”

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Cecília Fernandez Conde nasceu em 1934 no Rio de Janeiro. Compositora e diretora musical.

Realiza trabalhos de “ambientação musical” para os principais grupos cariocas dos anos 70, especialmente o Teatro Ipanema, que fazem parte de um conjunto de inovações cênicas que forjam a estética praticada nas encenações teatrais do período.

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 EL RETABLO DE MAESE PEDRO

Sala Cecília Meireles
Temporada de 1966

 Cecília defende uma maior divulgação do trabalho desta época   “tem que falar de Pedro Muniz Domingues, porque ele fez trabalhos pioneiros. E você está vendo as homenagens que têm sido feitas a ele? Já teve 3 homenagens a ele. E eu não imaginava, porque Pedro era muito tímido, não gostava de destaque. Fizeram homenagem no SESC, o pessoal do CBTIJ, e a Karen Accioly, fez uma sala “Pedro” no Teatro do Jockey, onde é um banco de acervo de peças de teatro infantil. ”

A educação desvinculada da arte não marca, não dá o insight. A arte permite você estar aberto a outras formas de pensar e de sentir. Você trabalha com a inteligência sensível, isso é fundamental na educação.

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Defensora incansável da Música para todos Cecília declara:

“Eu tenho esperança da volta da música na escola primária. Acho que seria fundamental na criancinha do pré, bem pequena, começar a trabalhar. Porque ela tem a expressão musical, ela não tem a artística musical, mas ela tem espontânea. Ela canta, ela dança, ela cria poemas. Ela não tem consciência, mas está tudo latente lá. Como ela é pesquisadora, ela vê as coisas como são feitas…

Ela vai na terra e tira a planta por curiosidade.

Cheira, toca, lambe… então, ela está atenta. Nós é que atrofiamos esse ser humano. E a arte-educação é para ampliar esse horizonte. Dar possibilidade de ele usufruir e aprender. Porque ficou muito na fruição.

Não é só lazer e entretenimento.
Ela é realmente a vida.
A arte é você estar respirando. ”

 

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