Livros infantis para as gerações do século XXI
Por Equipe Tearteira
Por que nós sabemos muitas histórias de grandes homens, mas não de grandes mulheres? Sabemos de algumas princesas, é verdade, mas são mulheres estereotipadas que estão longe de nossa realidade. O que são aquelas meninas que vivem em castelos enormes e frios? Há mulheres incríveis aqui na América Latina, que romperam os moldes de seu tempo e contribuíram com a nossa história, nossa cultura e nossa identidade.
Então, porque não apresenta-las às crianças? Na Argentina esse movimento já começou a acontecer. A coleção Anti-princesas, das editoras Chirimbote e Sudestada, lançou recentemente livros infantis dedicados à vida e obra de grandes mulheres da nossa história recente, como Violeta Parra, Frida Kahlo, Juana Azurduy e outras tantas que podem inspirar meninas e meninos que crescem no século XXI.
Num momento em que essa geração começa a mudar os paradigmas do feminino e do masculino, e que convivem com as mutações comunicativas, na leitura e na relação com o texto escrito, é preciso revisitar a nossa história, e contá-la.
Narrados por Nadia Fink, os livros propõem um passeio por palavras e imagens diagramadas para serem lidas por crianças inseridas no universo multimídia :
“Uma das nossas preocupações é tentar entender os novos formatos vividos por meninas e meninos de hoje, onde a língua não é linear, mas distribuídos em várias janelas na tela para interagir. Isso parece fundamental. Nós valorizamos essa nova geração e não renegamos as suas mudanças e desenvolvimentos, a série tenta transformar artisticamente esse novo olhar sobre o mundo.
Pensamos em personagens familiares que não são lembradas nos roteiros escolares de meninas e meninos, talvez porque eles não sabiam como explicar seus conflitos com a sociedade machista. Há algum medo de mostrar outras maneiras de lidar com a vida, especialmente no que diz respeito à maternidade, a relação com o corpo, a sexualidade, etc. Enquanto isso, encontramos aquelas princesas da Europa tão longe de nossa realidade latino-americana, que também mostram muito diferentes estereótipos de mulheres que somos. Por isso, não é tanto de antiprincesas em um sentido negativo, mas a abordagem e as pequenas histórias de mulheres reais que transcenderam seu tempo e quebrou estruturas.”
Frida e Violeta não viveram felizes para sempre. A pintora mexicana morreu jovem depois de uma longa agonia e de uma vida marcada pelas doloridas sequelas de um acidente na adolescência. A cantora chilena se suicidou pouco antes de chegar aos 50 anos. Para falar desses desfechos que não se parecem a contos de fadas, Fink optou pelo realismo mágico, no caso de Frida, e por deixar em aberto, no caso de Violeta. “Decidimos falar da morte de Frida a partir das lendas mexicanas. No caso de Violeta, preferimos deixar que cada adulto que esteja acompanhando a criança que lê o livro decida como abordar o assunto”, explica.
O desfecho dos livros também é bem interessante, depois das histórias, eles convidam os pequenos leitores a fazer autorretratos em frente ao espelho, como fazia Frida, e a pesquisar canções antigas em conversas com pessoas mais velhas, como fazia Violeta. Convidam crianças a brincar de ser antiprincesas.
O mundo das animações também dedicou atenção a nossas antipricesas. Nas bem humoradas viagens de Zamba pela história latino americana, o já popular personagem argentino se encontra com algumas delas, como a grande Juana Azurduy entre tantas outras.
Confira o episódio em que ele encontra a pintora mexicana Frida Kallo:
Nosso desejo é que os ilustradores e escritores brasileiros também se inspirem, e possam criar livros e animações em português, sobre as nossas notáveis Pagu, Dandara, Carolina de Jesus, Maria bonita e outras tantas brasileiras antiprincesas.
Matéria mixada a partir de: Revista Fórum e La Capital
Link da página: https://institutotear.org.br/4664