Noemia Varela e  o Movimento Escolinha de Arte do Brasil (MEA)

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Por Adriana Costa

Esta história começa na cidade de Recife, Pernambuco, no ano de 1953, quando um grupo formado por Noemia Varela, Augusto Rodrigues, Ulisses Pernambucano, Paulo Freire, Francisco Brennand, Aloísio Magalhães, Hermilo Borba e Lula Cardoso Aires cria a Escolinha de Arte do Recife. Noemia sempre foi uma defensora de uma escola inclusiva, que comprometa-se de coração a:

educar cada um e não apenas selecionar os capazes ou os suscetíveis de se ajustarem aos programas estabelecidos e compulsórios” (Noemia)

livro dri FRANGE, Lucimar Bello Pereira.Noêmia Varela e a arte. BeloHorizonte: C/Arte,

Ela foi diretora técnica da Escolinha de Arte do Brasil (RJ), e a partir de 1961, coordenou seus Cursos Intensivos de Arte Educação (CIAEs). Seu intento era o de formar o “artista-professor, inserido numa outra forma de trabalho criativo, capaz de captar sua sensibilidade, pensamento e ação criadores para renovação da escola “ (varela,2001a) Noemia é uma crítica contundente das escolas que utilizam a arte como enfeite, como decoração, o que segundo a Mestra apresenta uma arte em educação:

“em sinal vermelho, não evoluída, não revolucionária e, assim sendo, sem a marca libertária, sem o espaço para a necessária iniciação no exercício do ato criador, e da descoberta da forma carente de dimensão filosófica. Logo em minha ótica, sem a sua legítima atribuição de transformar o mundo, na parte essencial que lhe cabe, na arte de educar” (Varela,2001b, 221)

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Veja parte do depoimento de Dona Noemia Varela, diretora da Escolinha de Arte do Recife, sobre o Movimento Escolinhas de Arte e Arte/Educação no Brasil que faz parte do vídeo da Exposição intitulada – Noemia Varela: uma vida, fazeres e pensares.

Sua preocupação sempre foi com a qualidade das iniciativas, sendo a escola um constante espaço de pesquisa “um centro experimental onde se cultiva e se acredita na educação como fonte de vida, de unidade” (VARELA, 1977). A reflexão sobre a formação do arte educador é uma marca na sua trajetória, sua “plurimetodologia criativa” faz com que esteja sempre rodeada de perguntas:

Quais as relações da arte com a educação que poderão melhor delimitar o lugar e a natureza do processo de formação do arte-educador?

O que dá mais a pensar sobre esta questão e que ainda não foi pensado? Que é necessário desaprender para encontrar o caminho mais sábio que nos leve à elaboração mais rica do processo de formação do arte
educador?” (VARELA, 1986)

Inspirados por Noemia, continuamos este diálogo interior, seguindo seu conselho de que:

“não há modelo perfeito nem único, na educação criadora, para ser imitado e seguido – uma vez que cada educador sendo ele próprio singular e único como ser humano, tem o potencial necessário para encontrar, criar novos métodos e formas de ensinar, mais sensivelmente, dentro de seus limites e possibilidades.” (VARELA, 1977: 54)

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“Que se forme um arte-educador sempre a serviço do ser humano e não da instituição.” (VARELA, 1986: 26)

Rever o pensamento de Noemia Varela é fundamental e suas reflexões são precisas e contemporâneas. Ela tinha clareza de que o fundamento da formação do arte educador estava em reacender em cada um “as conquistas do homem como ser inventivo, fértil em sua imaginação e capacidade de construir o mundo.”

Referência Vídeo :
Noemia Varela, de barro, de vidro de barro

Noemia Varela_de barro.de vidro.de barro from Lucimar Bello on Vimeo.

Referências textos :
BARBOSA, Ana Mae (Org.) História da Arte-Educação.
São Paulo: Max Limonad, 1986.
VARELA, Noêmia. Criatividade na escola e formação do
professor. In: FRANGE,Lucimar Bello. Noêmia Varela e a
arte. Belo Horizonte: C/Arte, 2001a.
VARELA, Noêmia. Movimento Escolinhas de Arte:
imagens e idéias. In: FRANGE, Lucimar Bello. Noêmia
Varela e a arte. Belo Horizonte: C/Arte, 2001b.
VARELA, Noêmia. O desafio da formação de recursos
humanos para a educação através da arte. In: Anais do I
Congresso Latino Americano de Educação através da
Arte. Rio de Janeiro: SOBREARTE, 1977.

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